A involução humana


     Não há como não observar o comportamento humano. O ser humano é realmente muito interessante. Com comportamento quase que selvagem, andam por aí alguns indivíduos que precisariam ser reabilitados ao convívio com os demais. Será que estamos "involuindo"?
    A falta de educação, de senso, de respeito é tão grande que nem mais adianta colocar placas demarcadoras ou de proibição. Nada é seguido, as leis são como inexistentes.
Entro em um ônibus e reparo em um rapaz jovem, forte, sentado em um dos assentos preferenciais. Aparentemente não existe nenhuma deficiência em seu físico que justifique o uso do assento. Mais adiante, embarca neste mesmo ônibus uma senhora com um bebê no colo. O rapaz que se senta no banco reservado para "pessoas com criança de colo" não se levanta. Para o meu espanto, ninguém mais se levanta. O que se senta no banco das prioridades não se manifesta, e como reação em cadeia, os outros passageiros se sentem no direito de continuarem sentados, uma vez que quem devia ceder o lugar, não o fez.
     Há alguns meses, assistindo ao noticiário, assisti a uma cena incrível de uma mulher que agrediu a outra dentro do metrô em São Paulo, por esta estar sentada no assento preferencial e não querer se levantar para dar o lugar para senhoras e grávidas e deficientes que a cercavam. E como em aglomerações sempre existe alguém para dar o "grito inicial" de guerra (diga-se de passagem que o indivíduo só grita, mas não participa da guerra), ouve-se num canto a seguinte pérola: "_ Só não bato nela porque sou homem!". Parecendo até filme de super-heróis, surge a heroína no meio da multidão, que por ser mulher justificou sua disposição para esbofetear a vilã que se recusava a ceder seu lugar para a senhorinha indefesa. Estava estabelecida a guerra.
     A mesma guerra é estabelecida em outros lugares menos tumultuados, onde pessoas que transitam pelas ruas não respeitam regras de sinalização e até mesmo de convivência. As pessoas se esbarram, se empurram e não se desculpam. Não respeitam os sinais de travessia e se acham no direito de reclamar dos motoristas que não querem esperá-los atravessar. Comem e bebem no meio da rua e depositam seus lixos no chão, sem perceber que isso só colabora para entupimento de esgotos, que mais tarde causará enchentes. São os mesmos que sofrem com esse tipo de catástrofes que colaboram em parte para que elas aconteçam.
     Nos últimos dias temos vivido as a guerra da natureza contra o homem, a guerra do homem contra a natureza e a guerra do homem contra o próprio homem. Religiosos dizem que estamos próximos do fim e que isso justifica tais acontecimentos. Mas será mesmo que ainda não percebemos que se estamos realmente perto do fim, somos provocadores de todas as guerras e catástrofes que nos assolam? Se a natureza se vira contra a humanidade, não faz nada além de tentar retomar o que foi invadido pelo ser humano, ou o que foi modificado sem limites ou simplesmente poluído e destruído por questões de "sobrevivência da espécie". Se o homem se vira contra seu semelhante, ou é porque sente necessidade de se defender de invasões e abusos ou é por ser o próprio abusador dos direitos do outro.
     A falta de respeito aos limites nos faz virar contra nossa própria espécie e contra nosso Planeta. Por essa falta de limites sofremos conseqüências drásticas e algumas irreversíveis.
     É preciso acreditar que ainda somos capazes de reparar nossos erros e reconhecer nossos limites e os limites de tudo o que nos cerca a tempo de salvar o que ainda nos faz ser chamados de racionais. É importante que reconheçamos que para termos um lar, um solo, um Planeta, caso alguns estejam errados e que o fim ainda esteja muito distante, é preciso recomeçar agora a nossa relação de amor com a nossa Terra e como nossos semelhantes.
     A fé na capacidade humana é o que ainda nos faz persistir na mudança. E o que podemos fazer para contribuir com isso é promover a mudança individual, aquela que precisa começar dentro de cada um de nós e passar adiante, contagiando a cada um que nos cerca com otimismo, alegria, força e garra, tão característicos da raça humana. Como uma corrente ( e acredito sim que coisas boas sempre dever ser passadas adiante) podemos tentar reverter boa parte dos males que assolam a humanidade e quem sabe assim estejamos preparados para uma nova etapa da nossa vida nesta terra, a nossa continuada evolução!
Por Brunna Souza

 

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