SÉRIE VISÃO: Rio 43°, cidade da beleza ao caos!



Rio 43°, cidade dos apagões, desastres, deslizamentos, desmoronamentos, da violência, do carnaval e do caos! Cidade catastrófica, um dia falta luz, no outro enche d’água, cheia de violência aos mil, cenário da bagunça do Brasil!
É incrível como o Rio de Janeiro está sempre na mídia. Diariamente é assunto em todos os noticiários no Brasil e no mundo. Parece até um desses artistas que não conseguem sair dos holofotes, sempre envolvido em polêmicas. Uma cidade sempre em foco, na moda. 
Relembremos alguns fatos: há duas semanas houve mais um apagão na cidade, ao longo de 2011 inúmeras ocorrências com bueiros que explodiam inexplicavelmente em ruas do centro e da zona sul, sem contar as repetidas notícias de violência, de enchentes e desmoronamentos de encostas por causa das chuvas. Agora, em um ato ousado, mais um fato extraordinário entra na conta de tragédias da cidade, três prédios desmoronaram em pleno centro da cidade deixando mais de uma dezena de mortos.
O Rio vive o seu próprio terrorismo. É uma cidade que não precisa de radicais fundamentalistas para atacar e criar o caos. A cidade “maravilhosa” vive sua própia guerra, sua prória rotina de desatres, fruto de anos de descaso e corrupção, uma corrupção passiva ou quem sabe ativa, por parte de governantes preocupados somente com seus próprios interesses.
O desmoronamento do edifício Liberdade e de mais dois edifícios na noite da última quarta-feira, dia 25 de janeiro, ocorrida na rua Treze de maio no centro histórico do Rio, revela o contraste que vive a cidade. O Rio de janeiro tem uma rica história cultural e política no Brasil. A importância da cidade é enorme para o país. Mas vejamos a ironia dos fatos, os prédio que desmoronaram situam-se próximo ao Teatro Municipal, fundado em 1909 é um símbolo histórico e cultural da cidade e do país. A rua Treze de maio onde ficavam os prédios, fica junto a Rua Princesa Isabel, e têm esses nomes em homenagem a um dos grandes acontecimentos da história do Brasil ocorrido na cidade, a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel que  aboliu a escravidão no Brasil em 13 de maio de 1888. Ainda próximo ao local dos desmoronamentos fica a Cinelândia, local que serviu de palco de tantos acontecimentos históricos no cenário político do país, entre os quais podemos citar como exemplo a passeata dos “caras-pintadas” em 1992 quando do impeachment de Fernando Collor. O local também fica próximo ao Palácio Pedro Ernesto, atual sede da câmara de vereadores do Rio. Do ponto de vista cultural, o local da tragédia fica nos arredores da sede do Cordão do bola preta um dos símbolos da boemia e do carnaval carioca. Coincidências irônicas que mostram o contraste dessa cidade tão rica e fundamental para o país, cidade tão alegre e importante cultural e politicamente, mas que vive sendo vítima do descaso e de tragédias que se repetem de tempos em tempos, ao sabor de um macabro ritmo, de uma moda de acontecimentos tristes e catastróficos.
O que fazer ou que esperar desses acontecimentos? Nada. Pois, em um breve tempo a cidade seguirá sua vida. Os destroços serão retirados. Os corpos serão enterrados. Muito se discutirá sobre motivos e culpados. E nada será feito pra mudar ou evitar novas tragédias. Governantes irão passar. O cenário dos acontecimentos será mudado e todos vão se acostumar com a nova paisagem e nem se lembrarão como era antes, que naquele local havia três prédios. Logo a notícia sairá da pauta e nenhum jornal irá comentar mais o assunto. E tudo tem que ser superado rápido, pois afinal, estamos em janeiro, já é carnaval. Logo, todos vão esquecer tudo que aconteceu, vão pular e dançar fantasiados ao som de blocos carnavalescos como o do Cordão do bola Preta. Claro, com apenas um detalhe esse ano, por motivos óbvios, o local onde se concentrará o bloco e por onde ele passará terá que mudar, pra não pegar mal, sabe?! Evitar passar próximo da rua onde aconteceu a tragédia com os edifícios. E o carioca, com sua passiva irreverência, desfilará a sua já conhecida alegria e não será de se admirar que pulem e cantem ao som de uma nova marchinha:

“Se esse prédio não desabar olê olê olá
Eu chego lá!
Se esse prédio não desabar olê olê olá
Eu vou passar!
Lá Lá ô ô ô
Não desabou ô ô ô
Lá Lá ô ô ô
Não desmoronou ô ô ô”

Esse é o Rio de Janeiro, capital ícone do contraste que é o Brasil, rico e com grande potencial, de grande beleza natural, mas incapaz de suportar sua própria grandiosidade. Um Costa Concórdia pronto a naufragar a qualquer momento.
      
     
Alex Gomes
30janeiro 2012

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