SÉRIE POEMAS CONTEMPORÂNEOS: O casebre


                                                      
Um dia num casebre lúgubre, minha alma
Em uma cama desconhecida despertei.
Olhei, estranhei, procurei, não me encontrei.
Onde estou? Onde está? Ecoou minha voz quando gritei!
Onde está? Onde está? Minha alegria me abandonou com a esperança que se perdeu.
Tudo a minha volta, a cor feneceu.
Sonhos se tornaram inverossímeis ao meu próprio eu.
O meu ânimo me esqueceu!
Então comecei a vasculhar o local em que estava
Vi na cabeceira um retrato de ninguém que me olhava,
Na beira da cama, a solidão meu sono velava,
Lá fora a injustiça com o dedo em riste me acusava
E saindo ao portão, a traição em voz alta me escarneava!
Tentei me levantar e minhas pernas, antes tão fortes, sem confiança cambaleara
Procurei algo pra comer, na despensa só havia um punhado de amor que me alimentara
Fui até a pia e molhei meu rosto com a água fria da realidade que me despertara
No espelho, minha triste imagem me encarara.
Só então me despertei e me reconheci,
Um forasteiro perdido em terra estranha foi o que vi
Olhei em volta naquela triste moradia e procurei se havia algo que valia ali,
Só o que encontrei foi a fé que um dia recebi,
Essa jóia rara que é crer numa esperança de quem outro caminho não possui.  
O pobre casebre é o triste retrato do único refúgio que construí!
Resolvi sair, de dentro de mim, me abondenei
Ao calor do sol me encontrei
Do alto da montanha do meu ser me enxerguei
A vista da minha serenidade, despertei.
Resolvi construir dentro de mim um novo lar para o meu eu,
Fazer da solidão refúgio e companheiro meu
Transformar meu pobre destino, iluminando com a fé o meu breu
Estabelecer-me sobre a esperança que Deus me deu.

Alex Gomes
15dezembro 2011




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