SÉRIE REFLEXÃO: Fraqueza


Ao acordar todo dia e abrir meus olhos, quase nunca vejo a vida da mesma forma. Cada amanhecer é o início de mais um dia de busca, mais um dia de luta, de batalhar contra a rotina enfadonha e desconhecida do meu viver a procura da felicidade. Vivo de momentos de vida, são momentos felizes, momentos tranquilos, momentos conturbados, momentos esperançosos, momentos tensos, momentos alegres, momentos tristes. Sinto-me como um estrangeiro, um forasteiro em terra estranha. Vivo sob a capa de uma postura firme que tenta convencer a mim mesmo que estou adaptado a este mundo e dele tenho domínio e controle.
 Ao me questionar porque me sinto assim, sendo que a maioria das pessoas não vive dessa forma, me pergunto se é uma fraqueza ou uma falha, se é destino ou caráter. Descobri que aquilo que me fortalece, por me entusiasmar e me dar estímulo e vontade de viver, sendo minha maior virtude é também o que me enfraquece. Descobri que sou um romântico da vida.
Sou daquele que não vê a vida com a realidade frígida atual, encara os seus dias com outro olhar, sob a ótica do sonho e da fantasia, de uma forma subjetiva onde tudo que se vive tem uma história, recheada de sentimentos.
Sou daquele que acredita que uma vida feliz só é possível através de um amor verdadeiro, sincero e honesto. Sou daquele que acredita no amor que nasce de um encontro de almas destinadas, num olhar de seres predestinados, numa história que se constrói com um sorriso, por meio de gestos de carinhos e toques. Daquele que acredita que todo momento de amar é único e não pode mais voltar e tem que ser de total entrega em um entrelace de almas que se tornam por esse momento uma só. Daquele que ao ver a pessoa amada, em todas as vezes ela lhe parece mais bela. Daquele que não esquece cada mínimo gesto e a todo instante sente seu cheiro. Daquela que admira as suas virtudes e, levado de admiração, se orgulha de ser amado por ela.    
Sou daquele que acredita que um dia é bonito apenas por poder acordar pela manhã e poder contemplar um passarinho a cantar em sua janela. Daquele que acredita que uma imagem bela é o verde da grama e o colorido das flores. Daquele que tem como sinônimo de paraíso o azul do céu sobre o verde mar junto a areia da praia. Daquele que se alimenta do calor do sol, sem deixar de ver sabor nos dias de chuva e mesmo nas tempestades, pois elas têm sua beleza. Daquele que se alegra no calor do verão em banhos gelados de mar. Daquele que se delicia no aquecer do inverno sob mantos quentes junto à fogueira.
Sou daquele que vê felicidade num sorriso de criança, que se sensibiliza no afago, que se emocinona com um gesto de carinho. Daquele que se alegra com um beijo e fica feliz com uma bela canção. Que tem sensações boas numa imagem nostálgica, num retrato, num quadro antigo ou num cheiro. Que relembra saudoso, mesmo sem nunca ter vivido, acontecimentos do passado.
Sou daquele que crê na vida. Daquele que acredita que o caminho correto é o único a se seguir. Daquele que acredita que a fé é boa e a esperança não frustra. Daquele que crê que ser bom é força e não vulnerabilidade. Daquele que valoriza o trabalho e o esforço. Daquele que vê recompensa em tudo de bom que fazemos. Daquele que acredita em que se plantando, se vai colher, do fruto que melhor semeamos. Daquele que acredita e luta pela paz, pois, somente sem guerras, sem ódio e sem mortes poderemos viver em harmonia e a assim descansarmos e vivermos equilibrados e satisfeitos.
Mas, neste mundo em desencanto, ser um romântico da vida não é a melhor maneira, nem a mais fácil, aliás, mais normal é ser insensível. Mas esta é minha fraqueza, a beleza de uma virtude muitas vezes admirada, mas não valorizada. Muitas vezes vilipediada. Porque ser um romântico da vida é lutar sem armas, sem escudo ou colete, sem proteção e sem medo, é lutar somente com as armas de ser o que é. --- Oh, desventurado que sou, pois, o que não me fortalece, aos poucos me mata!
Alex Gomes
27 dezembro 2011

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